segunda-feira, 14 de julho de 2008

A representatividade como obrigação

A sociedade não está madura: ou se o está, existe em Portugal uma crise de representatividade.
Vejamos, a representatividade:

É um direito? Sim.

É um dever cívico? Sim.

É uma obrigação? Não.

O Homem é assim...

De facto o Homem é assim; olha por si. Pelo outro, depois se vê: se o "vir".
Às vezes, o Homem não é assim; olha pelo outro. Olha por si; e vê-se.
Nunca o Homem foi assim: olha por si e pelo outro.
Será o Homem sempre assim?

Num Poema...

Por viver no Poema
Amando
Sou o poema
Falando

Barr

(Luís Miguel P. F. Barrocas)

Representatividade, Sólon

Em que sociedade estamos quando nem os deputados "parlamentares" nem os "sherif's" dos munícipios nelas (cidades/regiões) moram ou a elas vão (nem que mensalmente num caso, diariamente noutros) ... leiam Sólon. Em Bruxelas uma deputada foi expulsa por ao fim-de-semana não ir à cidade que representava e não ter residência lá.

Num poemar...

Num poemar...


A palavra
Procurava
Num poema
A vi
Encostada


Em mim procurava
Num poema
A encontrei
Recostada


Toquei-a
Com um tocar
Sem lei
E assim
A fui
Sem fim…

Com os seus dedos me tocou
Como um lavrador cultivando a sua terra
De sentidos à vista…


Num gesto a semeei
Como um fruto de um poemar
Como um acontecer
Que há que semear…

Oh! Se me olhasse e visse palavra
Seria sempre um poemar!

Luis Miguel da Fonseca Barrocas

Os alunos e o professor: a sociedade...

Que sociedade temos? Questões prévias: como avaliaram, até ao momento, os professores o aluno? Como corrigiram os seus erros? Como emendaram as suas falhas? Como foi avaliado o processo educativo quer dos professores quer dos alunos?
Como foi (se foi) avaliado quem "avalia"?
Quem "avalia" o quê?
Como falaram os professores entre si (acerca do aluno e do seu estado); e mesmo só uns com os outros?
Como falou a sociedade aos professores?

Que esperamos agora do aluno?!

Que esperamos dos professores?!

Que esperamos da sociedade?!

Geração, anacrológica?

Estaremos perante uma "geração, anacrológica"?
A "máquina" e a "memória" parece que não se misturam bem.
Um simples Blade Runer, de Ridley Scott ilustra bem o caso; apesar de todos os fins comerciais paralelos.
Um The All Seeing Eye, de Wayne Shorter, de algum modo, alia-se à confusão "desorientada" dos nossos dias, mas sem uma "visão orientadora" em termos simbólicos (Voegelianos) de uma recuperação da realidade.
Será que o "olho" míope porque apenas "um" é o do Big Brother? E de qual deles?
Nesta "Metropolis" falta um coração que medeie entre as mãos e a razão (por vezes sem reflexão) ou poderemos estar entregues a uma "sinfonia de improvisadores" gritantes.

"Anacrológico": negação do tempo; desorientação em termos de um sentido histórico e temporal caracterizador do Homem. Decerto o termo tem um conteúdo real.

A psique do sujeito social

A psique do sujeito está em relação directa com processos institucionalizados, mas mais do que abordar a realidade social por esta via podemos compreender a acção humana em termos de processos mentais assentes em categorias racionais e sentimentos, quer presentes numa colectividade enquanto Nação, quer no sujeito enquanto pessoa.

Filosofia

Uma filosofia orienta nem que o mundo desoriente...
Em Bruxelas a Faculdade de Filosofia tem projecção: por que é que cá não?

Filosofia, uma causa cívica

Lutar pela filosofia é lutar pela humanidade...
É lutar pela causa cívica...
É aprofundar o significado do mundo, e da relação com o outro numa perspectiva de interdependência e inter-relação... numa altura em que o respeito pelo outro, pelas culturas diferenciadas, pelo ambiente tendem a desaparecer...
Matéria e materialismo vingam... necessários mas não únicos na dimensão humana...
Respeitar a filosofia significa: respeito por ti e pelo outro!
Respeito pelo saber, pelo "ter" e pelo ser!
Dizem os cientistas:
o gelo desaparecerá no Pólo Norte este ano...
Que outras coisas mais desaparecerão: a compreensão?
Estarão ligados estes dois processos: o do abandono do que é o Homem e o abandono do que é o mundo, em suas dimensões essenciais.
Vamos lutar!
Eu vou lutar...

Esperança Portugal

Quando as palavras se vivem
A realidade transforma-se...

Portugal, litoral...

Olho para Portugal e vejo um "litoral".
Olho para a Europa e vejo um "centro" articulando-se com um todo.
Olho novamente para Portugal e vejo pessoas licenciadas, mão-de-obra qualificada a "saír" deste belo país rumo a uma Europa orgulhosa de si, bem cuidada, estruturada que, para Portugal,“olha”.
Precisamos de lutar por uma espiritualidade, por processos de construção de identidade social como Voegelin tão bem ilustra em suas obras. Lutar significa intervir, crescer em autonomia, num todo social amadurecido. Lutar é relacionarmo-nos de modo interdependente, por meio de uma circulação de elites de carácter, empresariais e políticas, como refere Guido Dorso.
Lutar é ser activo, autónomo ou a caminho, sempre a caminho...mas não expulso, de sua própria terra porque algo falta de essencial ao ser humano, como por exemplo, a “filosofia”: a luta pela “filosofia” enquanto saber formativo de cidadãos activos e amadurecidos, mais amadurecidos…
Olho para Portugal e vejo um litoral de “cimento”! Empresarial mas não empreendedor de acção social responsável. Que falta para um Portugal do "conhecimento"?

Sociedade

Normalmente o que sucede é que a nobreza imprime o seu cunho carismático quer em termos de uma espiritualidade secular quer no que se refere à transcendência.
No mundo hodierno parece que apenas existe um domínio do "homem sobre o homem" (em que estão "uns contra os outros", como diria Gabriel Marcel); em que tudo se explica e reduz a leis económicas de tipo darwinista; de uma divisão de tarefas e consequente especialização e complexidade crescente no domínio civilizacional, tipíco de um Taylorismo; em que a física e a biologia são paradigmas dominantes explicativos da substância do mundo e da substância humana.
Não obstante essencial, a evolução oriunda da aliança entre a técnica e a ciência poderá assentar num religar-se a uma espiritualidade presente por exemplo na ideia de "serviço", e que parece ausente dos conceitos que enformam as teorias de cariz mais positivista e reducionista presentes no saber e na prática quotidianas.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Fundão

No Fundão (Cova da Beira) é importante uma aliança entre o carácter, o factor empresarial e a política, assim como noutras regiões do país. O homem é um ser mimético que se guia e é influenciado por modelos: vejamos o exemplo das crianças em relação aos pais; vejamos o indivíduo em relação à sociedade. Além do mais, o carácter desenvolve-se socialmente e não se adquire por mero diploma.
Estaremos contentes com a sociedade que temos? É nela que vivemos.
Um exemplo é representativo do país em que vivemos: 300 km de comboio em Portugal demoram 3 h e 40 m, pelo menos do interior para os grandes centros urbanos, quando não mais. Noutros países da Europa, os mesmos 300 Km fazem-se em 1h e 25 m, sendo o bilhete mais barato; e isto desde há 20 anos para cá no resto da Europa. Alterar esta situação, em Portugal, parece impossível pois nós nem donos das linhas férreas somos (parece que são os espanhóis). O país precisa de organização, de um fio orientador na sua linha de acção, e não apenas de um "vai-e-vem" (que na maior parte dos casos vai mas não vem; ou demora tanto a ir que nem vai), não matricial, conforme somente às circunstâncias; e a nem todas ou de todos.

Fundão

Fazendo minhas as palavras do Professor Mendo Castro Henriques: "viver e pensar segundo categorias ideológicas sem um pensamento matricial capaz de acolher contributos dispersos por metodologias diversas" será talvez o factor que explique a crise que atravessamos. Gostaria de realçar o esquecimento actual da importância da Ciência Política (nomeadamente da Nova Ciência Política)como um dos factores explicativos da crise. A aliança entre a nobreza de carácter, o conhecimento científico-tecnológico, a participação política social (veja-se por exemplo o artigo de Guido Dorso e também o da Sociedade Civil do Professor)poderá ser um meio de ultrapassar esta mesma crise. Foi o que aconteceu hoje no Fundão (09/07/08), por meio do IDP, em que contributos novos para uma relação entre o local e o global foram analisados. A nobreza de carácter, o conhecimento rigoroso e fundamentado e a participação política foram concretizadas. Mais exemplo destes sejam dados e com a excelência dos trabalhos desenvolvidos por Dom Duarte Pio, Arquitecto Ribeiro Telles, Professor Doutor Mendo Henriques, Professor Frederico Brotas de Carvalho... Por uma construção de Portugal alicerçada em tais valores vale a pena continuar a lutar.